quinta-feira, outubro 12, 2006

Beijo, beijinho, beijão, muitos beijos,...

No outro dia, a menina azul, que agora deixou de ser azul, e passou a ser simplesmente Joana na blogosfera, deixou uma questão pertinente no seu bloguinho:

"Com tantas coisas a precisarem de ser abreviadas [num bilhete], tinhas logo de escolher o beijo."

As pessoas tendem a abreviar o que é mais comum de se dizer ou escrever. E muitas vezes nem reflectem no que disseram ou escreveram. Eu reconheço que também por vezes o escrevo para despachar. Tipo: fim de conversa.

Deixámos de ter tempo para conversar cara-a-cara, passámos para a conversa por telefone e agora mesmo passando para messenger (onde a gestão do tempo é francamente melhorada - apenas respondemos quando podemos), tendemos a simplificar a linguagem ainda mais, desprovida do que é mais importante: os afectos sinceros, a preocupação franca pelo bem-estar do outro, o disponibilizar tempo para quando precisam e não apenas quando não temos mais nada para fazer.

Os portugueses cumprimentam-se (excepto homens com homens e mesmo assim já não sei se será realmente excepção) com 2 beijos na cara (1 beijo no caso dos pseudo-socialites) quando se encontram e à despedida. Tentando lembrar-me de todos os beijos com os amigos (e não namorados), só me lembro de 1 pessoa que punha emoção real e intenção nos beijos que dava. Eu sentia-os sentidos. Beijos de amizade e não de protocolo. Até parece que as pessoas receiam dar um beijo intencional.

Confesso que prefiro o sistema americano. Quando são amigos verdadeiros, cumprimentamo-nos e despedimo-nos com um abraço forte, como condutores da boa disposição. Que conforto maior há que um abraço amigo? Isso predispõe-nos logo melhor para o resto do dia. Mais do que 1000 palavras.

Pior do que os 2 beijos na face (que muitas vezes são apenas um encostar de faces), o típico português pergunta:"Tudo bem?".

Mesmo que estejam a passar do outro lado da estrada ou cheios de pressa, há sempre um "tudo bem?" metido, mesmo não havendo tempo nem disponibilidade para ouvir outra resposta que não seja "tudo".

Quando me perguntam "Tudo bem?" ou "Novidades?", confesso que não sei responder. Perguntas tão vagas e tão pouco originais não merecem respostas elaboradas. São perguntas de quem não sabe nada sobre mim, para não conseguir fazer questões mais criativas.
E por isso geralmente respondo da mesma forma, desprovida de qualquer interesse em responder realmente ao que é perguntado:
"Sim, está tudo", "Nada de novo".

1 amigo do Divagador, o Nelson, chateia sempre o pessoal quando lhe perguntam isso - responde sempre "mais ou menos". E realmente, as coisas não estão sempre bem. O ser humano nunca está bem por natureza. O Nelson sugere antes a questão "Como estás?".
E realmente faz-me mais sentido.

Ontem vi um vídeo sobre 1 homem que anda com um cartaz consigo a dizer "Free Hugs". Foi a colega Égua que enviou. Se fosse "free soaps" ou outro qualquer produto, por mais insignificante que fosse (o que interessava era ser grátis), haveria filas enormes para o receber (e ouso dizer que muitos colocar-se-iam na fila novamente para receber um outro produto grátis). Como era apenas um abraço gratuito, as pessoas passavam e simplesmente liam o cartaz.

Ainda houve quem acedesse à provocação e se abraçasse ao rapaz. Esses encheram as ruas com os seus sorrisos.

Por isso, hoje só quero dar-vos um abraço bem apertado e beijos. Muitos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um abraço. Um sorriso.
:) (..)

Joana disse...

Os meus abraços, para ti, são sempre gratuitos! Ando sempre com um cartaz que nem toda a gente consegue ver ;)

Um beijinho muito grande, sentido,
Joana (outrora azul)

Anónimo disse...

Eu e as frases feitas...
"Amigo verdadeiro é aquele que pergunta se estátudo bem, e espera a resposta..."
É realmente triste a forma como as palavras se tornam tão desprovidas do seu
real significado... e tal como as palavras, também os gestos!
um grande abraço